quarta-feira, 18 de março de 2009

Tem dias de autobiografias...



Senti na brisa a cara, com o corpo longe.
E nesse mesmo tempo,
Em que senti no vento a força que não fui,
Procurei,
Na suave brisa vinda de tão proxima do mar,

Naquele trânsito lento de água em vapor,
A frescura do líquido.
E ao líquido,
Ao que estava por baixo,
Procurei em vão,
A leveza do vapor.

Ao voo da ave que "sobrepassa",
Retiro-lhe o ar,
Voará no vácuo para todo o sempre!
Ao peixe que nada sem eu o ver,
Retiro-lhe a àgua,
Aprenderá a caminhar
Se quiser continuar!
A mim, troco-me a terra,
Viro-me de pernas para o ar
E caminho de cabeça!

Ao vento que não fui,
Roubo as feições que já sou;
A água em vapor,
O líquido por congelar,
O sonho a desfazer...

E à brisa que passa, à do mar,
Roubo o que ainda me faz valer;
O sereno torpor,
A esperança a marinar,
O sonho a reviver...

Regras dizem-me que o equílibrio existe para enganar,
Coisas assim como o tempo,
Que existem sem existir.

Equílibrios, só conheço os teóricos...

Mas depois vêm as evidências,
Evidente que existe um puro estado de estar,
Um equílibrio inímaginavel,
Que não deixa no entanto
De passar e de se experimentar.

Equílibrio práctico de felicidade;
Suave brisa a passar,
Um olhar,
Um suspirar,
E novo olhar
Acompanhado de um outro respirar,
Tão ofegante,
Como fulgurante
Bate o coração.

As promessas, essas,
Vão nas ondas do mar,
Presas à sua eterna oscilação.
Os projectos, esses,
Encalham nas praias,
Em terra molhada, mas firme,
Mais cá, ou lá do tempo...

***

Na cara que me dá o vento,
No olhar que me dá o mar,
Vejo na tela horizonte,
O horizonte que me traz a andar.

E na força que trago dentro,
Na força que me dá falhar,
Vejo no cume do monte
O pedaço de monte que falta escalar...

Um comentário:

Koky disse...

Sim senhor, mui bom. :)