sábado, 9 de maio de 2009

Um sorriso de palavras

Um sorriso de palavras
Atravessou o espaço dos teus lábios aos meus.
Suaves gestos
Derivam de cá para lá,
Sem toque,
Só intenção.

Barcos débeis,
Baloiçam
Em energéticas ondas
Vencendo-as.

Nada mais brilhante que a certeza,
Nada mais belo que a convicção.
A Terra é redonda,
Os pássaros voam,
O sol aquece,
Os beijos magoam,
A carícia dói,
E tu,
Não és.

Dúvidas extrínsecas
Intoxicam os ares.
Neblinas pontiagudas,
Rasgam tenras carnes
Aos mais calejados.
Cajadadas certeiras
Inviabilizam retiradas seguras,
Até à morte, mortos!

Gostava de acordar um dia e não ser ninguém.
Nem eu,
Nem ninguém.
Ninguém era ninguém
E tudo era inventado
De um qualquer sonho sem dono.
Apreciaria todos os momentos inventados em vão,
Todos os complicados segundos de pura e inglória ficção,
Deliciaria-me com os momentos despropositados,
Talvez o são todos,
Ou pelo menos a maioria.
Apaixonaria-me ainda mais pelo fútil,
Pelo inútil,
Por toda a nossa estúpida existência!

Nasci antes de nascer
Agora cumpro pressas não passadas,
Atraso.
Será que me encontrarei
No tempo, a tempo?
Saberei quem sou
Antes de o deixar de ser?
Serei quem sou?

Ao medo de nunca chegar a ser
Junto o medo de nunca conhecer,
Quem a medo,
Tenha coragem de juntar mais medo ao medo.
Medo de não ouvir nunca palavra-chave que seja.

Um sorriso de palavras
Encostou-se ao ouvido,
Repousou,
Depois fugiu.
Não existiu,
Fugiu...

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