Menina dura e intransponível que mesmo enquanto menina, sempre mais amarga que doce.
Ela cresce, mas nem sempre. Tem vezes que fica assim sempre pequenina, sempre dura e intransponível, mas por vezes tão pequenina…
Mas quando cresce, e mesmo que nem seja o suficiente mesmo assim ela aguenta, enquanto há tempo, ela aguenta, por mais invisível que seja, por mais impotente que seja ela aguenta. Arde em si a sua própria existência.
Menina dura e intransponível que mesmo enquanto menina, mais mal, que bem-tratada. Menina que a si se faz a toda a hora, menina que conhece o que os outros julgam conhecer…Ela sabe que existe!
E se tem horas em que lhe faltamos por a não existência de uma só realidade, tem tanta hora que lhe faltamos tão conscientes. Tanta hora que agredimos violentamente tal menina que por vezes até já está feita uma mulher! Quantas horas? Quantas horas têm uma mentira? Quantas mentiras duram uma hora? Quem, onde?
Bush, e Iraque? Quantos mortos têm então uma hora? E, três anos? Quantas horas têm três mortos? Quantos poderosos matam horas? Que quantidade de emissões de CO2 matam uma mentira? Quantos dólares valem uma 1g de CO2? E cada um de nós, vale? E uma só mentira, uma daquelas banais, quantos dólares vale? E o Bush quantos dólares vale? E quanto valem os dólares do Bush em CO2? E a Coca-Cola, quanto nos vale uma? E as suas mentiras, quanto rendem? Quantos dólares valem a soma de todas as mentiras descaradas dos poderosos? E as nossas quanto valem as nossas mentiras descaradas? Quantas horas? Quanta dor? Quanto vale uma menina?
A menina existe, ela acorda e espreguiça-se sempre dura e intransponível, mas chama mansa pela mãe que não tem e abraça-a!
– Anda filha, anda para cá para o lugar dos nadas…
E ela quer, mas não vai. Esta menina é de cá, feita e criada à luz de humana consciência longe das sombras dúbias das dúbias realidades…Quer, mas não pode ir para lá, para o lado da inexistência de sua mãe. Pelo menos sabe o seu nome a menina. Chama-se VERDADE ou terá ela outros nomes?
Quem procura esta menina, esta dura e intransponível menina? Quantos de nós a procuram a cada passo, a cada gesto, a cada palavra dita? Onde está tal menina? Quem a viu, e quem a quer ver?
Do alto da montanha de todas as realidades, há quem olhe para baixo procurando estas duras e intransponíveis meninas. Gente simples e gente complexa olham insaciavelmente cá para baixo procurando a sua escondida existência. Enquanto homens das cavernas dessas montanhas, fazem fogueiras de meninas, espalhando o seu fumo por todo o alto da montanha, tanto fumo, tanto nevoeiro e nem D. Sebastião vem a caminho…
Já se vê tão pouco do alto das montanhas com nosso tão curto alcance. E depois vêm as nuvens de fumo dos homens das cavernas. Nelas, onde vivem conscientes homens que sabem o que fazer com seu fumo, que sabem para onde direccionar suas colunas de fumo. São políticos, jornalistas, são escritores, milionários das cavernas e todo o resto de tipo de homens. Homens simples, sem qualquer poder de fumo, descendo do alto das montanhas para procurarem pequenas fumegantes cavernas, para de lá cegar os seus…
E queremos fumo, não vivemos, nem sabemos viver de outra forma que não seja envoltos em fumo, inevitável limitação de nossos olhos e costumes…Mas enquanto houver fumo, enquanto todos procurarmos fazer o nosso fumo, por menos espesso que seja, nada se verá lá de cima do alto da montanha de todas as realidades. Andaram para sempre desaparecidas das mais pequenas, ás maiores meninas no eterno vale das eternas meninas perdidas...
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