terça-feira, 1 de abril de 2008

O dia 01-04-08

Quem és tu? Que queres de mim?
André era só um imóvel de medo, que tremia todo ele segundo o eixo de cada músculo. O medo de susto é rápido, ele é apenas e só um único momento fugaz, por isso mesmo, André lhe gritou de imediato:
“Quem és tu? Que queres tu de mim?”
Porque gritaste isso André?
Pois decerto ele reagiria, não conseguiria ele ficar sem resposta perante uma confrontação destas? Podia?
André gritara-lhe apenas as suas verdades, para ele, não existiam mortos andantes nem falantes, nem nenhum morto se iria sentar recostados esperando lume para toda a eternidade, nada disso era para ele verdade. Alguém conspirava contra ele! Quem? E porque razão conspirava? Que fez o Irmão André para merecer tal coisa?
O morto não reagia, continuava tão morto como o sempre foi, pelo menos para André.
Anda responde-me! Responde, ou queres que vá aí desvendar a tua farsa? Anda saí daí, sejas lá tu quem sejas, mostra-te cobarde!
Mesmo perante este ataque de fúria de André, o morto continuava morto.
A André só já lhe apetecia correr para aquele morto e desvendar quem era o imbecil que se fazia passar por morto. Não fosse ter que passar por cima de todos aqueles esqueletos até alcançar a esquina em que o morto se encontrava e a esta hora acabava aqui a história do morto. Infelizmente, talvez não, André não teve coragem para passar a piscina de mortos, em vez disso decidiu esperar.
Hás-de sair daí, não podes ficar aí para sempre, sabes? Idiota! Mas eu posso ficar. E sabes porquê? Porque tenho comida… Percebes meu débil mental? Foste apanhado! Acabou. Quando quiseres entrega-te, e não te preocupes, tenho tempo...
André sentia-se orgulhoso, de facto ter com ele a trouxa com comida era uma mais valia perante tal situação, assim André sentia-se orgulhoso. Precocemente orgulhoso, diria eu, pois André no seu festejo de pensamento brilhante, esquecia-se que o orgulho só deve vir depois do objectivo cumprido…

Continua… (Um dia deste) e é a continuação de:

O final precoce devido ao desentendimento da personagem com o narrador (I SÉRIE)


E de:



Uma Páscoa em Janeiro (II SÉRIE)

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