quinta-feira, 21 de maio de 2009

Alguém falou? (Retroceder)


Móbil e imprecisa
Engrenagem,
Engrena a uma só vez:
Primaveras engolem Verões,
Verões engolem cinzas,
E nas cinzas, renascem
Molhados Invernos.

Nascemos todos
Pequenos.
De berços,
Somos todos de berços.

Agora queremos mais,
Mais e mais,
Mais espaço,
Mais gente,
Mais ar,
Mais altura,
Mais velocidade,
Mais força,
Mais resistência,
Mais e mais,
Queremos mais,
Nós que nascemos pequenos...

Rostos circundantes em nuvens de fumo esvaem-se,
Personalidades inalienáveis ficam de guarda como cães fiéis sem donos.
As pessoas perdem-se,
Encontram-se,
Partem,
Regressam,
Enrodilham-se
Entrelaçam-se,
Transformando cada caminho recto
Num hipnótico labirinto!

Lembro-me de ti,
Amigo que foste,
Que és,
Exemplo do bem e do mal,
Da coragem exacerbada,
A melancolia feroz,
Dos rasgos de liberdade,
Aos rasgos da carne,
Da cara,
Da tua...

Lembro de outros,
Não de todos,
Escapam-me gentes...
Não as vejo,
Não as quero ver,
Ou simplesmente,
Esqueço-me delas.

A vida é tão grande!
E logo para nós,
Em que a dita cuja,
Nasce
Tão pequenina!

Que vendaval!
Que louca invasão ao mundo!
Que luta desigual,
Irracional,
Vencida sempre
Pelo mais fraco!

Agora,
Queria um maior passado
E um mais dilatado presente
Para deitar nas cartas
Os prósperos futuros.
Queria mais memórias,
Mais lembranças,
Em que
Pistas e factos se fundissem a uma só cor.
Amarelo,
A amarelo.

Não puder ter todas as vidas,
Não puder conhecer todas as gentes,
Não as puder guardar a todas,
Não as puder ter para sempre,
Não nos puder agradar sempre...
Não ser gente,
Não ver gente,
Ser sempre contente,
Indiferente!

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