quarta-feira, 27 de maio de 2009

Ninho

Ao mundo que não vi e me viu nascer
Às janelas fechadas,
Às portas trancadas,
À musica sedutora vinda dos exteriores,
Reclamo a minha dependência.
Só já não vejo,
O que há muito está nublado,
Todo o resto vislumbro
Enjoado!

As flautas que voaram encantadas
Outrora,
Agora,
São desafinadas facas afiadas
Que rompem tímpanos de céu!

Maestros exilam-se em silenciais conventos,
Orquestras despem-se de instrumentos,
O céu desce,
O olhar sobe,
Ultrapassando-se.

Visões,
Audições,
Alucinações,
E realizações
Não passam de fumos,
Ventos,
E das tempestades
De que são feitas as nuvens.

Pressinto,
Sem sentir,
Vejo sem ver,
Ouço sem ouvir...

Capto gestos,
Dizeres,
E presenças.

Debito
O meu mais abstracto retrato!
Como aliás,
É para mim,
Meu difuso existir .
O meu,
E talvez o teu,
Que de certezas pouco é feito o mundo.
Que de válidas têm muito pouco as teorias.

Não vi mundo,
Não vi um raio de sol,
Ou pedaço de nuvem que fosse.
Não vi lua,
Não vi estrela,
E não me sinto infeliz,
Prazer sobra na boca depois de gritar:
Hoje não vi o mundo!

Um comentário:

Anônimo disse...

Simplesmente brilhante!