segunda-feira, 12 de abril de 2010

Qual quer

Um chão cálido congela-me os passos, o meu abraço, aprisionam-me o peito.
O ar sufocado, liberta-se de encontro à morte, sentir, é já um passe de mágica, sendo que os sentidos não passam de instrumentos obsoletos de resultados obscenos!
O oxigénio é adulterado, o dióxido de carbono expirado, uma invenção do deus homem, e estar vivo, não passa de um sonhar profanado! Viver não se estende mais do que a uma pura ilusão realista.
No dia em que te não beijei, ainda era eu, assim como, ainda não era eu, quando te não pisei, o meu peso é volátil, o meu beijo um engano, e nem quando te conheci era eu, se penso em ti, à noite quando nem consigo dormir, é porque não és e não foste e só vais ser, e se penso em ti, mais esta nenhuma noite, é porque o meu eu existe!
Já vi todas as direcções e para nenhuma me dirigi, os cheiros, os atalhos e desvios, uma racionalidade senil, arrastam por mim e confundem-se. Terá o início um fim, ou serão todos os começar desprovidos de termo mortal e mutável? Como começas e acabas, se antes e depois, estás cá? Se algum tempo antes e depois, existes tanto, quanto sempre te viste existir, se antes e depois, só o foste em ti e se só sabes o que é ser verdadeiramente em ti? Como te podes ver se nunca de ti saíste?
Sabes, nunca levei nada a sério, nunca acreditei para além do provisório e o meu definitivo, desfaz-se sempre em gargalhadas. Sabes, saber tem sempre muito que se lhe diga, e o que se diz pouco tem do que se saiba.
Nunca sei do que falo, se é do que vejo ou se falo do olhar de um outro qualquer, se é do que vivo, ou se sou uma outra vida qualquer, se sou o que recordo, ou se não, se sou aquele, o qual quer!

Um comentário:

Jane disse...

nunca se sabe nada, sabe-se mais a cada dia que passa. e quando se morre, continua-se sem nada saber..=)
já diz o velho ditado, mais descomplicado de dizer:p