Rola o dia de 4 de novembro, neste país calmo e despreocupado que é Portugal.
O tempo está ameno, remando contra a corrente que o Outono lhe induz. Há um céu limpo a azul, com o sol e seus raios bem á vista... Que ameno e sereno domingo de Outono!
Mas nem que é só de hoje este tempo. Não é hoje, um excepcional dia de um qualquer verão de S. Martinho, é já mesmo há algum tempo que não chove, nem fica frio, nem troveja!
- Efeitos do aquecimento global!! Gritaram uns.
- Casualidades.. Dirão outros...
Certo é que por aqui, o tempo até está para o agradável, ao contrário dos até agora inexistentes, cinzentos dias outonais que se previam, e que a estação recomenda. E então, que mais engraçado há para fazer neste país com uma clima assim tão propício??
Hipóteses:
a) Pega-se na mulher e nos filhos, enfiam-se com eles para dentro do carro, e...
- Bota dar uma ganda bolta?
Esperando com isso, que haja um acidentezito de viação para se visionar, ou algo do género...
b) Com muita dificuldade, saimos da cama para o sofá, metemos pizza pó bucho e esperamos que os filmes domingueiros das tarde da tv portuguesa nos cura a ressaca.
c)Vamos pás belas das matas e ateamos um belo dum fogo, assim muito grande pa se falar nas noticias e tudo...
d)Nenhuma das anteriores respostas.
Gostava de comprovar a veracidade do que em seguida vou afirmar, mas como não consigo fazer este inquérito a todos os portugueses, cá vai a minha posta à base do palpite sem qualquer pitada de rigor estatístico e sem qualquer prova que a corrobore. Mas também, sem nenhuma que a desminta.
A resposta menos obtida, e de longe, batida aos pontos por todas as outras era a hipótese d).
Um domingo assim, merece um acontecimento grandioso e luminoso quanto o sol, que nos ilumina os céus de Portugal. E que mais grandioso e espectacular que ir por aí por essas estradas de Portugal, ( e reparem o quanto não sou venenoso, escrevo: Estradas de Portugal, e não mando uma piada que seja sobre o engraçadíssimo recente caso da empresa pública: Estradas de Portugal... Posta para outro dia... Deixa correr a tinta, a ver!), continuando então com a minha ténue linha de pensamento. Que mais espectacular do que ir por ai ver uns acidentes e parar o carro o mais próximo possivel do dito cujo acidente? Ficar-se por lá até que a multidão vai-se aglomerando, assim como os seus carros, até ficar uma fila bem grossinha, assim bem para o impeditiva...
E tudo assiste...
Das cerca de três dezenas de pessoas que se conseguiram juntar no local, trabalhavam 4 bombeiros, 2 policias e os acidentados que não estavam nem feridos nem mortos... O resto vê e palpitava c'umas postas:
- Ora bem, o gajo do corsa vermelho vinha a dar-lhe de ali de cima, este branco entra e nem olhou para a faixa e enfaixaram-se! De certeza que foi assim... Fala a voz "audivelmente" segura e convicta de um gordo que assistia.
- De certeza que vinha com uma gáspia este vermelho... Cochichava o seu filho.
De facto, muito engraçado! Que domingo tão repleto de sentido.
Ou então, não sendo um acidente de viação, podia ser...
Hummmm, sei lá, um incendio, pá aí...
- Oh, és maluco pá? Já estamos em Novembro, homem...
- E então? Olha para este tempo esplêndido, tá mesmo de fogo, homem...
E lá sai o domingueiro à rua, procurar um fogozito, para dar uma olhadela... E encontrado então o incendiado local, lá fica ele, olhando e mandando seus palpites e nem é preciso variar muito nos palpites.
-Ora bem, isto começou ali no pinhal dos silvas e veio descendo a toda a velocidade encosta abaixo...Diz o domingueiro tuga.
-Que fixe! Cochicha o filho.
Acho, que todo o português, domina a questão do fogo com uma perícia deveras impressionante e (im)precisa. Deve ser por isso que cerca de 1/3 do zona florestal do país tenha ardido nos ultimas décadas. As técnicas de fogo, são comprovadamente muito avançadas por cá...
É verdade, viveu-se um dia unicamente estranho e perturbador em Portugal, o dia de Outono, datado de 4 de Novembro de 2007, fica para a história por ter sido o dia com mais incêndios em Portugal nesse ano corrente! Novembro, pasmam-se!
Isto levou-me a uma perturbadora e desconcertante ideia.
Se não fossemos uma pais de clima temperado, e se ou invés do que temos (?), não houvesse um período de chuvas e baixas temperaturas, o nosso pais arderia em chamas 12 meses ao ano? Não haverá mais nada de interessante para fazer neste país que não seja ir para os montes deitar o fogo ás arvores?
- Olha, vamos lá aproveitar o bom tempo atipico para ir deitar uns fogos por ai...
Trezentos e dois fogos num só dia! Novembro!
O flagelo dos fogos florestais neste nosso querido e pacato país, é mais quente do que o desejado. Espanha, Grécia, Itália, ou seja, os países que partilham connosco o nosso clima temperado, também sofrem deste mesmo flagelo, só que neles numa escala menor, uns menores que outros. É evidente que as causas do elevado numero de incêndios florestais em Portugal, têm variados motivos, de várias naturezas, desde as naturais ás humanas.
Sendo as naturais aproximadamente similares em todas estas terras mediterrânicas, prender-se-á com os motivos de ordem humana, ou seja, será a relação humano/natureza, que nos permite atingir tão elevados resultados, em termos de área ardida e número de fogos num país tão pequeno quanto o nosso. É de se louvar esta nossa capacidade!
E a culpa é de todos, desde o Zé que diz que é povinho, passando por mim, e acabando nas altas autoridades, os nossos queridos políticos e afins.
As politicas de sensibilização e informação são ineficazes e mal estruturadas, depois vem um sem número de proibições e nenhum prestamento de serviços por parte das autoridades, nomeadamente no que diz respeito a meios e técnicas disponíveis para ajudar os agricultores nas queimadas anuais, à semelhança do que se faz em Espanha, por exemplo...
Não basta dizer é proibido queimadas e ponto final. Depois são os equipamentos, ou melhor a sua inexistência, e/ou, escassez.. Mas também que fazer num país eternamente de tanga?
Outra grande questão politica, prende-se com a existência absurda de cooperativas de bombeiros voluntários...
O conceito pode ser deveras bonito, grandioso e heróico, mas desculpem que diga, isto é mesmo á país de terceiro mundo!
É inconcebível e profundamente inquietante a sua existência. Imagine o caro leitor que seria se houvesse neste país, umas quantas de cooperações de polícias voluntários?
Quais milícias populares...
Até dá arrepios, só de imaginar uns quantos de tugas de cacetete e arma ao coldre, prontas a ripar, para dar umas quantas de umas mocadas nuns quantos de insolentes que para ai andam... Ou então médicos voluntários, também é uma modalidade que me parece muito interessante para por em práctica no país...
A perversidade da questão dos bombeiros voluntários, não se prende apenas no factor formação, de facto, a vida também é uma escola, e é também na práctica com o terreno que se aprende. Sem dúvida, que haverá muito bombeiro voluntário, com muito boas intenções e que desde novos entram para os voluntários e que se dedicam de alma e coração ao combate aos fogos. Mas não chega. É preciso, uma especializada formação para um tão complexo problema. Isto para não falar na perversa oportunidade que um pirómano tem em ir viver de perto o fogo voluntariando-se para os bombeiros. Não sao raros os casos em que o próprio ateador de um incendio seja bombeiro.
Deixando de bater nos políticos, batemos agora no zé que diz ser povinho, no qual eu próprio, digo ser inserido. Se bem que ainda se podia dar mais umas quantas de cacetadas no governo, mas como até é o zé que tem mais culpa no meio disto tudo, vamos lá bater no zé para finalizar esta posta.
Somos mais, somos os que elegemos os anteriores, somos os que escrevem blogues e que não mexem uma palha, somos os interessados económicos zés patrões, somos os envelhecidos e ignorantes agricultores e moradores dos campos do nosso interior cada vez mais desértico, somos nós que por actos recreativos ou negligentes ateamos fogo ás florestas, somos nós que a toda a hora nos contemplamos na desgraça...
Somos nós que a nós próprios nos ateamos fogo, ardendo lentamente, e nem reparamos...
É já hora de apagarmos estes fogos que nos consomem, que por vezes pouco se sentem mas que se vêem.
Depende de nós, de cada um de nós, a extinção deste gigante incêndio que a todos queima. A simples preocupação e atenção pelo caso, é água que apaga esse grande incêndio, a ignorância é o mais inflamável de todos os combustível...
Por isso, preocupa-te e preocupa!
É o mínimo que podemos fazer....
O tempo está ameno, remando contra a corrente que o Outono lhe induz. Há um céu limpo a azul, com o sol e seus raios bem á vista... Que ameno e sereno domingo de Outono!
Mas nem que é só de hoje este tempo. Não é hoje, um excepcional dia de um qualquer verão de S. Martinho, é já mesmo há algum tempo que não chove, nem fica frio, nem troveja!
- Efeitos do aquecimento global!! Gritaram uns.
- Casualidades.. Dirão outros...
Certo é que por aqui, o tempo até está para o agradável, ao contrário dos até agora inexistentes, cinzentos dias outonais que se previam, e que a estação recomenda. E então, que mais engraçado há para fazer neste país com uma clima assim tão propício??
Hipóteses:
a) Pega-se na mulher e nos filhos, enfiam-se com eles para dentro do carro, e...
- Bota dar uma ganda bolta?
Esperando com isso, que haja um acidentezito de viação para se visionar, ou algo do género...
b) Com muita dificuldade, saimos da cama para o sofá, metemos pizza pó bucho e esperamos que os filmes domingueiros das tarde da tv portuguesa nos cura a ressaca.
c)Vamos pás belas das matas e ateamos um belo dum fogo, assim muito grande pa se falar nas noticias e tudo...
d)Nenhuma das anteriores respostas.
Gostava de comprovar a veracidade do que em seguida vou afirmar, mas como não consigo fazer este inquérito a todos os portugueses, cá vai a minha posta à base do palpite sem qualquer pitada de rigor estatístico e sem qualquer prova que a corrobore. Mas também, sem nenhuma que a desminta.
A resposta menos obtida, e de longe, batida aos pontos por todas as outras era a hipótese d).
Um domingo assim, merece um acontecimento grandioso e luminoso quanto o sol, que nos ilumina os céus de Portugal. E que mais grandioso e espectacular que ir por aí por essas estradas de Portugal, ( e reparem o quanto não sou venenoso, escrevo: Estradas de Portugal, e não mando uma piada que seja sobre o engraçadíssimo recente caso da empresa pública: Estradas de Portugal... Posta para outro dia... Deixa correr a tinta, a ver!), continuando então com a minha ténue linha de pensamento. Que mais espectacular do que ir por ai ver uns acidentes e parar o carro o mais próximo possivel do dito cujo acidente? Ficar-se por lá até que a multidão vai-se aglomerando, assim como os seus carros, até ficar uma fila bem grossinha, assim bem para o impeditiva...
E tudo assiste...
Das cerca de três dezenas de pessoas que se conseguiram juntar no local, trabalhavam 4 bombeiros, 2 policias e os acidentados que não estavam nem feridos nem mortos... O resto vê e palpitava c'umas postas:
- Ora bem, o gajo do corsa vermelho vinha a dar-lhe de ali de cima, este branco entra e nem olhou para a faixa e enfaixaram-se! De certeza que foi assim... Fala a voz "audivelmente" segura e convicta de um gordo que assistia.
- De certeza que vinha com uma gáspia este vermelho... Cochichava o seu filho.
De facto, muito engraçado! Que domingo tão repleto de sentido.
Ou então, não sendo um acidente de viação, podia ser...
Hummmm, sei lá, um incendio, pá aí...
- Oh, és maluco pá? Já estamos em Novembro, homem...
- E então? Olha para este tempo esplêndido, tá mesmo de fogo, homem...
E lá sai o domingueiro à rua, procurar um fogozito, para dar uma olhadela... E encontrado então o incendiado local, lá fica ele, olhando e mandando seus palpites e nem é preciso variar muito nos palpites.
-Ora bem, isto começou ali no pinhal dos silvas e veio descendo a toda a velocidade encosta abaixo...Diz o domingueiro tuga.
-Que fixe! Cochicha o filho.
Acho, que todo o português, domina a questão do fogo com uma perícia deveras impressionante e (im)precisa. Deve ser por isso que cerca de 1/3 do zona florestal do país tenha ardido nos ultimas décadas. As técnicas de fogo, são comprovadamente muito avançadas por cá...
É verdade, viveu-se um dia unicamente estranho e perturbador em Portugal, o dia de Outono, datado de 4 de Novembro de 2007, fica para a história por ter sido o dia com mais incêndios em Portugal nesse ano corrente! Novembro, pasmam-se!
Isto levou-me a uma perturbadora e desconcertante ideia.
Se não fossemos uma pais de clima temperado, e se ou invés do que temos (?), não houvesse um período de chuvas e baixas temperaturas, o nosso pais arderia em chamas 12 meses ao ano? Não haverá mais nada de interessante para fazer neste país que não seja ir para os montes deitar o fogo ás arvores?
- Olha, vamos lá aproveitar o bom tempo atipico para ir deitar uns fogos por ai...
Trezentos e dois fogos num só dia! Novembro!
O flagelo dos fogos florestais neste nosso querido e pacato país, é mais quente do que o desejado. Espanha, Grécia, Itália, ou seja, os países que partilham connosco o nosso clima temperado, também sofrem deste mesmo flagelo, só que neles numa escala menor, uns menores que outros. É evidente que as causas do elevado numero de incêndios florestais em Portugal, têm variados motivos, de várias naturezas, desde as naturais ás humanas.
Sendo as naturais aproximadamente similares em todas estas terras mediterrânicas, prender-se-á com os motivos de ordem humana, ou seja, será a relação humano/natureza, que nos permite atingir tão elevados resultados, em termos de área ardida e número de fogos num país tão pequeno quanto o nosso. É de se louvar esta nossa capacidade!
E a culpa é de todos, desde o Zé que diz que é povinho, passando por mim, e acabando nas altas autoridades, os nossos queridos políticos e afins.
As politicas de sensibilização e informação são ineficazes e mal estruturadas, depois vem um sem número de proibições e nenhum prestamento de serviços por parte das autoridades, nomeadamente no que diz respeito a meios e técnicas disponíveis para ajudar os agricultores nas queimadas anuais, à semelhança do que se faz em Espanha, por exemplo...
Não basta dizer é proibido queimadas e ponto final. Depois são os equipamentos, ou melhor a sua inexistência, e/ou, escassez.. Mas também que fazer num país eternamente de tanga?
Outra grande questão politica, prende-se com a existência absurda de cooperativas de bombeiros voluntários...
O conceito pode ser deveras bonito, grandioso e heróico, mas desculpem que diga, isto é mesmo á país de terceiro mundo!
É inconcebível e profundamente inquietante a sua existência. Imagine o caro leitor que seria se houvesse neste país, umas quantas de cooperações de polícias voluntários?
Quais milícias populares...
Até dá arrepios, só de imaginar uns quantos de tugas de cacetete e arma ao coldre, prontas a ripar, para dar umas quantas de umas mocadas nuns quantos de insolentes que para ai andam... Ou então médicos voluntários, também é uma modalidade que me parece muito interessante para por em práctica no país...
A perversidade da questão dos bombeiros voluntários, não se prende apenas no factor formação, de facto, a vida também é uma escola, e é também na práctica com o terreno que se aprende. Sem dúvida, que haverá muito bombeiro voluntário, com muito boas intenções e que desde novos entram para os voluntários e que se dedicam de alma e coração ao combate aos fogos. Mas não chega. É preciso, uma especializada formação para um tão complexo problema. Isto para não falar na perversa oportunidade que um pirómano tem em ir viver de perto o fogo voluntariando-se para os bombeiros. Não sao raros os casos em que o próprio ateador de um incendio seja bombeiro.
Deixando de bater nos políticos, batemos agora no zé que diz ser povinho, no qual eu próprio, digo ser inserido. Se bem que ainda se podia dar mais umas quantas de cacetadas no governo, mas como até é o zé que tem mais culpa no meio disto tudo, vamos lá bater no zé para finalizar esta posta.
Somos mais, somos os que elegemos os anteriores, somos os que escrevem blogues e que não mexem uma palha, somos os interessados económicos zés patrões, somos os envelhecidos e ignorantes agricultores e moradores dos campos do nosso interior cada vez mais desértico, somos nós que por actos recreativos ou negligentes ateamos fogo ás florestas, somos nós que a toda a hora nos contemplamos na desgraça...
Somos nós que a nós próprios nos ateamos fogo, ardendo lentamente, e nem reparamos...
É já hora de apagarmos estes fogos que nos consomem, que por vezes pouco se sentem mas que se vêem.
Depende de nós, de cada um de nós, a extinção deste gigante incêndio que a todos queima. A simples preocupação e atenção pelo caso, é água que apaga esse grande incêndio, a ignorância é o mais inflamável de todos os combustível...
Por isso, preocupa-te e preocupa!
É o mínimo que podemos fazer....
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